Vila (?) Mariana

A terceira  reportagem da série de 20 matérias do Raio- X Imobiliário publicada no Jornal Folha de São Paulo, em seu caderno de Imóveis, teve como foco o bairro da Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista. A matéria foi expressa com o seguinte título: “Vila (?) Mariana.”.

Tradicional distrito da Zona Sul, a Vila Mariana é o segundo em lançamentos residenciais, com total de 71 empreendimentos nos últimos cinco anos, de acordo com o levantamento da empresa de pesquisa imobiliária  Geoimovel (pertencente ao grupo Amaral d’ Avila Engenharia de Avaliações), isso acontece porque a Vila Mariana é vizinha do Parque Ibirapuera e da Avenida Paulista (dois cartões-postais de São Paulo), sendo um distrito privilegiado. Com ampla oferta de serviços, a região tem cerca de 90 escolas, 30 hospitais, 50 praças, 7 faculdades e 6 estações de metrô.

Segundo o levantamento apontado pelo Geoimovel, a Vila Mariana recebeu cerca de 4.500 novos apartamentos nesse período, em um acelerado processo de verticalização. O metro quadrado saltou de R$ 5.544 – em 2007- para R$ 10.133, um aumento de cerca de 83%. Ainda de acordo com o Geoimovel, outros dez empreendimentos residenciais serão lançados em breve na região.

Porém, a tendência é de queda no ritmo, segundo Celso Amaral, diretor corporativo da Amaral d’ Avila e do Geoimovel: “Hoje já não há tantos terrenos disponíveis na Vila Mariana,  agora, para construir, é preciso unir terrenos de vários imóveis , o que é mais difícil e caro”.

Para Oswaldo Baccan, presidente da Associação dos moradores da Vila Mariana, além da verticalização o bairro está ganhando um “Novo perfil. É uma região que oferece qualidade de vida. Está crescendo ‘para cima’ e virando um ‘point’,”, diz por conta dos novos bares e restaurantes que viraram referência no bairro.

O distrito da Vila Mariana mudou tanto nos últimos anos que se em 2007 dez dos 15 lançamentos residenciais na região tinham unidades de três e quatro dormitórios, no ano de 2012 os números se inverteram. Dos sete lançamentos, quatro oferecerem apartamentos de um e dois dormitórios. Esses apartamentos menores acabam traçando um novo perfil de comprador a região. Se antes os empreendimentos eram adquiridos por famílias em busca da boa localização e da oferta de serviços, agora o objetivo é atender a dois públicos bem distintos: jovens ou mais velhos.

Para  Mirella Parpinelli, diretora de atendimento da imobiliária Lopes:

“ A Vila Mariana é um bairro tradicional, tem vários  hospitais e muitas faculdades. Notamos que, além de compradores mais jovens, há investidores que se interessam por adquirir unidades menores pensando em alugar esses imóveis para estudantes ou para idosos.”. Já para Maurício Martinez a Vila Mariana tem uma posição estratégica e oferece fácil acesso a diferentes regiões empresariais da cidade: “ o apartamento está na avenida 23 de Maio perto da Paulista e com fácil acesso à Berrini, além de ter tudo à mão.”.

João d’Avila, diretor técnico da Amaral d’ Avila Engenharia de Avaliações que nasceu e cresceu na Vila Mariana, avalia que o distrito está mudando de cara  e abrindo espaço para os mais jovens: “ É forte o movimento recente de novos bares e restaurantes na região, frequentados principalmente por jovens universitários.”.

Muitos moradores e críticos de opinião acham a verticalização do bairro da Vila Mariana muito boa, outros como é o caso da urbanista e diretora executiva do movimento Defenda São Paulo, Lucila Lacreta, consideram que a verticalização só seria bem-vinda se ocorresse de maneira planejada , “não a esmo”. Segundo Lucila, a derrubada indiscriminada das casas acaba com a identidade do local e reduz os espaços públicos, devido à ocupação de grandes terrenos por prédios. “ É um pseudocrescimento, pois ocorre sem qualidade urbanística.”. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha para a série DNA Paulistano mostrou que a Vila Mariana é o distrito com os moradores mais satisfeitos, e 70% deles vivem em apartamentos, o segundo maior índice da Zona Sul.

Nos últimos 12 meses, foram lançados 277 conjuntos comerciais com área total de 23.688 m2. Dos 100 mil m2  à disposição para esse tipo de empreendimento, restam 49 mil, um sinal de que mais moradores do bairro poderão trabalhar sem se deslocar pela cidade, e acabou se tornando um dos m2 mais caros do distrito da Vila Mariana.

Segundo a Geoimovel, o preço médio do m2 na Chácara Klabin fechou em R$ 11.716 no ano passado, 14% superior à média da região no período. “A Vila Mariana leva vantagem por conta da disponibilidade de terrenos da Chácara Klabin.”, diz Celso Amaral, diretor corporativo da Amaral d’ Avila Engenharia de Avaliações e do Geoimovel. Ainda segundo Amaral , no entanto a tendência é de queda no número de lançamentos, pois, a disponibilidade de terrenos vem se esgotando.

Em levantamento feito pelo Geoimovel nota-se que, desde Janeiro de 2007, dos 71 lançamentos do distrito, seis estavam no bairro Chácara Klabin. No ano passado não houve nenhum novo empreendimento residencial no bairro.

Para os próximos três meses porém, há pelo menos três lançamentos previstos para a região.

Vila Mariana em Números:

  • Possui 18 empreendimentos em obras, com unidades à vendas;
  • Possui 2 empreendimentos prontos para morar, com unidades à vendas;
  • Possui 51 empreendimentos que estão 100% vendidos;
  • Possui 10 empreendimentos com futuros lançamentos;
  • Há no momento 588 apartamentos à venda;
  • Em 2007, a Vila Mariana valia R$ 5.544,00 por m2 ,em 2012 passou a valer R$ 10.133 por m2 , houve uma valorização de 83%  (a cidade de São Paulo, em 2007, valia R$ 3.373 por m2,em 2012 passou a valer R$ 7.185 por m2, houve uma valorização de 113%);
  • R$ 10.133 é o valor médio do m2 do distrito;
  • R$ 6 milhões é o valor do imóvel mais caro entre os lançamentos da região;
  •  A renda per capita da Vila Mariana foi R$ 4.054,84 (em São Paulo a renda per capita  foi de R$ 1.296,00) e
  • Na Vila Mariana 27,1% das ruas possuem rampas para cadeirantes (na cidade de São Paulo apenas 9,1%);

Matéria Raio-X Imobiliário 3 – Vila (?) Mariana