No dia 03 de Dezembro de 2013, foi publicada no site da Globo (www.g1.com) uma matéria que se referia ao mercado imobiliário de Brasília (Distrito Federal) e foram fornecidos dados da Geoimovel (maior provedor de pesquisas imobiliárias do Brasil e empresa pertencente ao Grupo Amaral d’Avila Engenharia de Avaliações), e, também, o diretor corporativo da empresa, Celso Amaral, expressou sua opinião.
Após “boom” de lançamentos, cliente relata que preços estão baixando. No país, setor da construção civil cresce menos que o PIB brasileiro.
Depois do “boom” dos últimos anos, a construção civil no Distrito Federal cresceu menos no ano de 2013, e o número de lançamentos está menor que em 2012. A venda de imóveis, no entanto, continua em alta, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sindiscon), e deve ser 10% maior que no ano passado.
A secretária Sirlei Gonçalves está há seis meses procurando um apartamento para comprar e diz ter percebido um novo equilíbrio na oferta de preços. “ Em uma semana era possível encontrar um apartamento de R$ 420 mil e, dois ou três dias depois, ele já custava R$ 435 mil.”, diz. “Agora, se encontrar R$ 420 mil em um dia é possível encontrar na outra semana por R$ 410 mil.”.
“Tenho achado mais barato comprar apartamento de gente que comprou e está vendendo do que direto da construtora”, relata Sirlei. “Três pessoas com quem falei no mês passado estão passando o ágio [valor cobrado pelo vendedor para repassar o imóvel a outra pessoa], bem mais em conta.”.
No país, o setor da construção civil deverá fechar o ano com crescimento menor que o PIB brasileiro, divulgado nesta terça (3). Economistas ouvidos pelo G1 não acreditam que haja uma bolha imobiliária para estourar no mercado brasileiro, reduzindo rapidamente os preços, mas Brasília é um local onde há “microbolhas”, na opinião da pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas, Ana Maria Castelo.
PREÇOS EM BAIXA
Atuando na área há oito anos, a corretora de imóveis Kilma Araújo também afirma que os preços caíram.” Os construtores estão parando de construir para queimar o que têm. Por isso houve uma queda no valor dos imóveis.”, diz ela.
“ Há uma tendência de absorção, só que ainda há uma grande quantidade de imóveis em estoque. Ou seja, é a vez do consumidor, pois há grandes oportunidades de se fazer um bom negócio e de pagar mais barato.”, analisa. “E, para as incorporadoras, é melhor vender com desconto do que torrar mais dinheiro na publicidade de sobras.”.
A valorização dos imóveis no Distrito Federal é uma das maiores do país. Na capital federal, nas regiões mais valorizadas, como o Noroeste, Plano Piloto e Águas Claras, o metro quadrado construído varia de R$ 6 mil a até R$ 13 mil.
Kilma afirma que a maior queda nos preços ocorre em prédios residenciais prontos. “ Estão dando até R$ 300 mil de desconto.”, diz ela. “A construtora está ouvindo as propostas e quase nunca está devolvendo essas propostas. No Noroeste e em Águas Claras é onde mais sai.”.
O diretor da Paulo Baeta Imobiliária, João Henrique Baeta, diz, no entanto, que não há margem para todas as construtoras diminuírem os custos. “Se baixar os preços, a construtora fica com prejuízo. Só baixa o preço quem está precisando mesmo.”.
ESTOQUE 30% MAIOR
“ No ano passado o mercado esfriou muito, havia pouco dinheiro e os preços subiram muito. Quem tinha lançamento resolveu não lançar, quem pode segurou e viu que estava todo mundo muito estocado.”, avalia Baeta, que credita a redução na quantidade de prédios em construção à retração na economia entre 2011 e 2012.
“Não voltou ao que era em 2010, mas (este ano) não foi horrível como em 2012. Com isso, algumas empresas voltaram a lançar e a gente conseguiu diminuir um pouquinho os estoques.”, avalia.
Segundo a Geoimovel, que monitora a evolução do mercado imobiliário no país, no final de Setembro o Distrito Federal tinha um estoque de 7.700 unidades novas não- vendidas, incluindo sobras de anos anteriores. “O estoque de imóveis está 30% maior que o de 2 anos e correspondente a aproximadamente 15 meses de vendas. Em São Paulo, por exemplo, o estoque é normal e equivale a 9 meses de vendas.”, diz Celso Amaral, diretor da Geoimovel.
O vice-diretor da indústria imobiliária do Sinduscon, Adalberto Júnior, também vê que o momento é de queima de estoque. “Durante o boom imobiliário, em 2009 e 2010, se lançou muito empreendimento. Por isso, o mercado ficou com um estoque muito grande, que precisa ser queimado.”, diz. “Mas se está vendendo até um pouco a mais em 2013 do que em 2012.”.
Segundo ele, o DF deve fechar o ano com 19 grandes empreendimentos lançados este ano, volume 50% menor que em 2012.
Baeta prevê reflexos negativos para o setor no ano que vem. “Como o final de 2011 e o final de 2012 foram ruins, teve pouco lançamento. Esse ano teve pouco. Isso vai refletir na queda do volume de obras em 2013 e 2014.”, diz o diretor da imobiliária.
EMPREGO NA CONSTRUÇÃO
O setor da construção civil emprega cerca de 50 mil pessoas no Distrito Federal, 40 mil delas no setor habitacional, diz o primeiro- secretário do sindicato dos trabalhadores do setor, João Barbosa de Arruda. De acordo com ele, o mercado de trabalho no setor deve se manter estável em 2014.
“ A construção civil é a única atividade onde o retorno na economia é imediato. Ela dá emprego para várias outras categorias. Se a construção parar, afeta muita gente- pessoal de pintura, de esquadrias de alumínio, de gesso, de metalurgia, até da indústria moveleira para.”, afirmou.