Crédito Imobiliário tende a superar empréstimo pessoal

Matéria Valor Econômico – “Crédito Imobiliário tende a superar empréstimo pessoal”

Em matéria recente, divulgada neste ano no Jornal Valor Econômico, em seu caderno de Finanças, um dos assuntos mais comentados no país, foi debatido pelo jornal: o do crédito imobiliário no Brasil. A matéria foi expressa com o seguinte título: “ Crédito imobiliário tende a superar empréstimo pessoal.”.

O crédito imobiliário caminha em 2013 para virar a maior operação de financiamento à pessoa física do mercado bancário brasileiro. Com um ritmo de crescimento anual próximo de 35%, os portfólios têm chances de ultrapassar o crédito pessoal e, ao mesmo tempo, vencer a barreira dos R$ 100 bilhões desembolsados com recursos da poupança. Em um período em que as modalidades de consumo lutam para superar a inadimplência elevada, é um cenário de fazer inveja.

Até Novembro do ano passado, o crédito habitacional para pessoa física somava R$ 269,6 bilhões, enquanto o crédito pessoal totalizava R$ 314, 6 bilhões.

Ao se contabilizar todos os tipos de recursos (livres e direcionados, para pessoas físicas e jurídicas), o saldo de operações de crédito imobiliário somava R$ 342,9 bilhões em Outubro, dado mais recente do Banco Central (BC). Desse total, 76,8% referiam-se a operações destinadas a pessoas físicas e o restante para incorporadoras e construtoras, em que o tempo de duração dos financiamentos é menor. As operações passam a fazer parte da carteira irmã normalmente quando o mutuário pega as chaves.

No acumulado de 12 meses, a carteira cresceu impressionantes 35,6%. Ainda assim, a modalidade representa apenas 6,2% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo dos Estados Unidos, por exemplo, onde supera a muitos anos, 70%. No fim de 2011, essa proporção no Brasil era de 5,1%.

Foi o crédito imobiliário com recursos livres e da poupança que mais sentiu o “freio de arrumação” no ano que passou. Octávio de Lazari Junior, presidente da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), diz que foram desembolsados em 2012               R$ 84 bilhões (dados preliminares) em empréstimos com recursos do SBPE, alta de 6%. “Quando pensamos na meta de 20% em 2012, trabalhávamos com um PIB de 4% e não consideramos os problemas das construtoras”, diz. Para 2013, a estimativa é que a expansão se situe entre 15% e 20%, rompendo a marca dos R$ 100 bilhões desembolsados com recursos do SBPE.

O crescimento de um dígito no desembolso teve relação com o momento ruim vivido pelas incorporadoras no ano passado. As companhias frearam os lançamentos de imóveis, graças a pressões por ajustes de caixa e controles de gastos. De Janeiro a Novembro, os desembolsos para pessoa jurídica caíram 21,9% na comparação com igual período do ano anterior. Já o crédito habitacional para pessoa física cresceu 22,8% no mesmo intervalo de tempo.

Boa parte do crescimento dos bancos e principalmente do Banco do Brasil (BB) se dará na arena dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que servem de funding para os empréstimos do programa habitacional do governo, o Minha Casa Minha Vida, em que a Caixa atua quase que com exclusividade. Em 2012, cerca de 11% dos recursos contratados vieram do FGTS. Para 2013, Gueitiro Matso Genso, diretor de crédito imobiliário do BB, projeta que essa fatia suba para 40%. “O relacionamento do banco com municípios será um diferencial importante.”, diz.

Outro aspecto que ajudou a arrefecer a demanda de algumas incorporadoras por crédito foi o atraso com que caíram as taxas do financiamento bancário, levando algumas para o mercado de capitais. “Preferimos captações corporativas”, afirma José Florêncio, vice- presidente financeiro da Cyrela. “Mas já vimos baixar as taxas do crédito bancário.”. Ele afirma que o juro do crédito à construção caiu de Taxa Referencial (TR) mais 10% para TR mais 8% ou 9%.

Para pessoa física, Antônio Barbosa, diretor de crédito imobiliário do HSBC, vê um cenário de desaceleração para os próximos anos. A culpa seria do crescente endividamento da população. A tese é que os bancos passarão a receber propostas de pessoas com uma carga maior de dívidas e que isso deve moderar a expansão da modalidade.

“Um crescimento de 15% a 25% das originações está de bom tamanho. Minha expectativa é que, em cinco anos, o crédito imobiliário ultrapasse com segurança 10% do PIB nacional”, afirma Cláudio Borges, superintendente-executivo de crédito imobiliário do Bradesco.