’Cicatriz’, Minhocão inibe empreendimentos ao seu redor

Em matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, a Geoimovel (maior provedor de pesquisa imobiliária do Brasil e empresa pertencente a Amaral d´Avila Engenharia de Avaliações) concedeu informações a respeito dos bairros do Centro da cidade de São Paulo, com maior foco nos de: Santa Cecília e Bela Vista.

A reportagem possuía o seguinte título: “’Cicatriz’, Minhocão inibe empreendimentos ao seu redor..

Incorporadoras, porém, acreditam que novos imóveis devem criar círculo virtuoso de revitalização, atraindo mais moradores.

O entorno do Minhocão, o elevado Costa e Silva, que corta a região central de São Paulo desde os anos 1.970, é o trecho com a menor oferta de novos imóveis no centro.

Enquanto em áreas mais nobres de Bela Vista, República e Consolação a oferta supera as 500 unidades recém- entregues ou em construção, o bairro de Campos Elíseos tem 103 apartamentos à venda, e Santa Efigênia- onde fica a cracolândia-, 64, menos de um quinto que áreas com maior demanda, segundo a consultoria imobiliária Geoimovel.

“O Minhocão criou uma cicatriz profunda na região. Ali você tem poluição visual e do ar, ruído, insegurança, tudo concentrado naquele corredor de concreto. É natural que os empreendimentos fujam disso.”, resume a arquiteta e urbanista Adriana Levisky.

Além da menor oferta, a região sofre com a desvalorização. O metro quadrado nos Campos Elíseos sai em média por R$ 10.390- 28% a menos do que em Santa Cecília. Em Santa Efigênia, o valor é de R$ 10.360, 14% mais baixo do que na República.

 

REQUALIFICAÇÃO:

Colado ao Minhocão, o Cosmopolitan Santa Cecília, lançado pela Incorporadora Mac, na Rua Helvétia, tem estúdios de 36 m2 vendidos a partir de R$ 375,8 mil.

Em Santa Efigênia, na Rua Vitória, é possível morar em uma unidade de 41 m2 do Urban Resort, da Upcon e Helbor, por R$ 415 mil.

O diretor comercial da Incorporadora Setin, João Mendes, diz acreditar que mesmo para as áreas hoje mais deterioradas a chegada de novos empreendimentos tende a criar um círculo virtuoso, que vai melhorar a oferta de serviços e a própria segurança.

“Entregamos um edifício a cem metros do Minhocão e não tivemos dificuldade para vender os imóveis. A expectativa é que empreendimentos similares ajudem a requalificar aquele espaço.”, afirma Mendes.

Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da Incorporadora Abyara, que tem um condomínio do programa “Minha Casa, Minha Vida” na região, afirma que a procura no Centro é grande.

“O Centro tem um trecho muito demandado por solteiros, casais sem filhos e idosos, uma área que vai do Parque Dom Pedro 2º em direção à Avenida Paulista.”, constata Vivanco.

De acordo com o vice-presidente do Sinduson- SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Maurício Bianchi, a solução para tornar a região mais habitável só virá a médio prazo.

Segundo ele, é necessário um projeto que associe programas sociais para abrigo de moradores de rua, uma solução urbanística para o Minhocão e um programa incentivado de “retrofit”- técnica de renovação de prédios antigos-, que recuperaria e poderia tomar comercializáveis imóveis hoje abandonados nessas áreas da cidade.

“Isso atrairia de volta as famílias, o que seria a melhor forma de consolidar a recuperação.”, diz Bianchi.

Fonte: http://especial.folha.uol.com.br/2015/morar/centro-paulista/2015/10/1696298-cicatriz-minhocao-inibe-empreendimentos-ao-seu-redor.shtml