Espigões dão ar renovado à boemia do Baixo Augusta

Em matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, a Geoimovel (maior provedor de pesquisa imobiliária do Brasil e empresa pertencente a Amaral d´Avila Engenharia de Avaliações) concedeu informações a respeito dos bairros do Centro da cidade de São Paulo, com maior foco nos de: Santa Cecília e Bela Vista.

A reportagem possuía o seguinte título: Espigões dão ar renovado à boemia do Baixo Augusta..

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‘Boom’ imobiliário modifica estilo de ocupação da área. Empreendimentos valorizam a região, mas podem comprometer a sobrevivência de bares e casas noturnas.

Cinco novos empreendimentos se espremem nos 400 metros da Rua Paim, na Bela Vista. Há dez anos, quem andava por ali via uma paisagem bem diferente, marcada pelos cortiços típicos da região do Baixo Augusta.

A mudança começou a partir de 2.009, quando as construções velhas deram lugar a modernas torres residenciais de um ou dois dormitórios, habitadas por pessoas vindas de todas as regiões de São Paulo, em busca de boa localização e proximidade com a agitação noturna das ruas Augusta e Frei Caneca.

Os novos empreendimentos reúnem apartamentos em sua maioria com menos de 50m2, que incluem uma série de comodidades- uma novidade para a região. O Vision Paulista (a partir de R$ 492 mil), da Gafisa, por exemplo, tem até camareira e ‘dog Walker’ para levar os cachorros para passear. O Urbe Paulista, do AAM com Carlu, tem SPA e piscina coberta (a partir de R$ 383 mil).

Quem viu toda a mudança acontecer, estranha. Moradora do edifício 14 Bis (o famoso “treme-treme”) há 43 anos, a copeira Fátima Teixeira, 44, observa que a vizinhança mudou bastante nos últimos tempos. “São pessoas de classe social mais favorecida”, afirma. Além disso, o aluguel aumentou e o trânsito ficou ainda mais intenso.

Mesmo assim, ela acredita que as coisas melhoraram: “A oferta de serviços cresceu e a segurança hoje é maior.”, diz.

Os novos moradores são, na maioria, solteiros ou jovens casais “que querem usufruir do entretenimento do bairro”, como diz José Paim de Andrade, presidente da Incorporadora MaxCasa, responsável por um dos empreendimentos na Rua Paim, o edifício MaxHous.

Marcelo Ginsberg, presidente da Incorporadora Arquiplan, responsável pelo Augusta Hype Living, completa: “Trata- se de um público que gosta da cultura alternativa, da boemia.”.

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BALADA AMEAÇADA:

Foi graças às casas noturnas abertas em meados dos anos 2.000, aliás, que segmentos da classe média e alta voltaram a frequentar a região do Baixo Augusta, antes desvalorizada.

Agora, no entanto, a identidade hipster e boêmia que atualmente atrai moradores pode estar ameaçada.

Segundo Felipe Pelissardo, publicitário e pesquisador de comportamento da agência de tendências Box1824, a valorização do mercado imobiliário deverá impossibilitar a sobrevivência dos bares e das festas que construíram a personalidade da região. “Muitos já tiveram que fechar, pois o aluguel tem aumentado em ritmo acelerado.”, diz.

Foi o caso da casa noturna Vegas, aberta em 2.005. “Ela foi vítima do seu próprio sucesso. A balada foi responsável por trazer a classe média de volta à Augusta, mas fechou em 2.012 em decorrência da desvalorização imobiliária à qual ela mesma contribuiu.”, diz o pesquisador.

Renata Passos, 25, professora, mora na região há cinco anos e vê com preocupação a redução da diversidade de público que a frequenta. “O perfil das pessoas que moram e se divertem aqui mudou. Dizem que aqueles que estão vindo para cá são atraídos pelo perfil do bairro, mas parece que eles não aceitam o Baixo Augusta como ele é.”.

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Fonte: http://especial.folha.uol.com.br/2015/morar/centro-paulista/2015/09/1693674-espigoes-dao-ar-comportado-a-boemia-do-baixo-augusta.shtml