Em matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, a Geoimovel (maior provedor de pesquisa imobiliária do Brasil e empresa pertencente a Amaral d´Avila Engenharia de Avaliações) concedeu informações a respeito dos bairros da Zona Oeste- com especial atenção para Barra Funda e Água Branca, para a realização de especial imobiliário.
A reportagem possuía o seguinte título: “Na Barra Funda de origem industrial, nasce polo de residências.”.
Dividida pelos trilhos construídos para o escoamento da produção de café no fim do século 19, a Barra Funda perde aos poucos a vocação industrial e se estabelece como um dos mais novos polos residenciais de São Paulo.
O interesse do setor imobiliário pela região data da década de 1.990 e do começo dos anos 2.000, mas ele se restringia, inicialmente, ao “lado de baixo” dos trilhos, entre as linhas de trem e o centro.
Foi com incentivos oferecidos pela Operação Urbana Água Branca- conjunto de intervenções da prefeitura para mudar a ocupação da região- e a expectativa de um projeto de revitalização da orla ferroviária que o “lado de lá” dos trilhos ganhou a atenção das incorporadoras, sobretudo a partir de 2.010.
Levantamento da Geoimovel com empreendimentos recém-entregues e com previsão de conclusão até 2.017 indica que a maioria deles se concentra nas regiões do Parque Industrial Tomás Edson e da Várzea da Barra Funda e parte da Água Branca.
Segundo o porta-voz da Odebrecht Realizações Imobiliárias, Bruno Scacchetti, uma série de fatores estimularam o investimento de incorporadoras na região.
Entre eles, o fácil acesso a todas as regiões da cidade, o fato dela ser bem atendida pela rede de transporte público (além da estação Barra Funda, diversas linhas passam pelo corredor de ônibus da Avenida Marquês de São Vicente) e investimentos em drenagem e iluminação pública.
É verdade que o caráter fabril do bairro ainda é visível. Muitos dos galpões abrigam atividades industriais e a oferta de comércio e serviços é relativamente escassa. No entanto, incorporadoras e urbanistas consideram que a transição é inevitável.
Além do número expressivo de novos moradores- só o empreendimento Jardim das Perdizes terá cerca de 30 torres-, um fator que deve promover o desenvolvimento local é a combinação de imóveis residenciais e comerciais, incentivada pelo Plano Diretor e aplicada em alguns projetos em construção.
Andrea Tourinho, que trabalhou na São Paulo Urbanismo, ligada à SMDU (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano) e hoje é professora de arquitetura da Universidade São Judas Tadeu, afirma que, com a valorização da região, mais galpões industriais deverão ceder lugar a novos imóveis residenciais e ao comércio.
Para Gilberto Belleza, presidente do CAU- SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), a transição é gradual. “A demanda por serviços ainda não é contemplada, mas a chegada dessas atividades é natural, como aconteceu na região da Berrini [Zona Sul].”.
Apesar da transformação iminente, o valor dos imóveis não absorveu a perspectiva de desenvolvimento do bairro, segundo Scacchetti. O preço do metro quadrado, a partir de R$ 8 mil para apartamentos novos de alto padrão, é inferior ao praticado abaixo dos trilhos.
A advogada Luiza Cruciani, que se mudou para a região em 2.013, não escondeu que o principal motivo que a levou a escolher o bairro foi o valor do imóvel.
“Para quem busca seu primeiro apartamento, é difícil ir para um lugar que já tenha uma rede de comércio estabelecida. E lá eu tenho fácil acesso a outros bairros com oferta maior de serviços.”.