Em recente matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, a Geoimovel (maior provedor de pesquisa imobiliária do Brasil e empresa pertencente a Amaral d´Avila Engenharia de Avaliações), forneceu informações sobre os bairros do Campo Belo e da Vila Mariana, para especial imobiliário.
A reportagem possuía o seguinte título: “Pássaros e índios dividem ruas e prédios em Moema.”.
Quem entra na loja do número 143 da Avenida Moema pode até pensar que o tempo parou. A fachada está desgastada, os móveis são antigos e os vizinhos sempre param para jogar conversa fora.
O tique-taque lembra, porém, que é o tempo quem manda ali, onde funciona a relojoaria de Francisco Fazio, 62, que existe desde 1.953 e foi passada de pai para filho.
Fazio e a sua loja ficam do lado dos “índios” do bairro, onde as ruas têm nomes de povos indígenas (Nhambiquaras, Jurupis, Aratãs, etc.). Passando a Avenida Ibirapuera, que divide a região pela metade, as vias levam nomes de aves (Gaivota, Canário, Inhambu, por exemplo). É a Moema “pássaros.”.
A separação surgiu com um dos fundadores do bairro, o Engenheiro Fernando Arens Júnior, em 1.915. Ele vendeu terras em Mongaguá (litoral sul de São Paulo), obtidas de índios da região, e comprou terrenos onde hoje está o bairro. Em reconhecimento, colocou nomes de diferentes povos em metade das ruas.
Na outra parte, optou por pássaros, por causa da mata atlântica. Foi essa a área que se verticalizou primeiro, com a inauguração do Shopping Ibirapuera, na avenida homônima, em 1.976.
O comércio também diferencia as duas partes. Restaurantes finos e butiques ficam do lado dos pássaros, enquanto a parte dos índios têm mais bares e comércios, como a relojoaria de Fazio.
“Antes todos queriam morar nos ‘pássaros’, mas a procura pelos ‘índios’ está aumentando.”, diz Sérgio Rabelo, dono de imobiliária. Uma vantagem das ruas indígenas é estar fora da rota dos aviões do aeroporto de Congonhas, que fica a apenas 4 km dali.
O publicitário José Roosevelt Júnior, 41, presidente da Amam (Associação de Moradores), vive há 25 anos no bairro e já passou pelos dois lados: primeiro morou na parte dos índios, agora vive no lado dos pássaros.
“O bairro tem tudo, e a localização é muito boa, perto de avenidas importantes.”, diz ele, que mantém um alimentador de aves na sacada. “Aqui tem muito periquito, sanhaço e sabiá.”.
PARA CIMA:
Apesar de 94,8% dos domicílios no bairro serem em edifícios, Moema ainda tem espaço para prédios. Em 2.016, o bairro bateu Campo Belo, Vila Mariana e Santo Amaro no número de novos edifícios. Foram seis, enquanto as outras regiões tiveram no máximo dois, segundo dados da Geoimovel.
A procura por lotes vagos é grande. “Se pudéssemos ter mais de 20 terrenos iguais àquele, teríamos.”, diz Fernando Trotta, da Incorporadora MDL, sobre o terreno do condomínio Araguari, entregue no fim de 2.015. Com 23 imóveis de 180 m2, o prédio teve 100% das unidades vendidas.
O Araguari fica na parte dos pássaros. “A região leva vantagem por causa da proximidade com o Parque Ibirapuera e a Vila Nova Conceição.”, afirma Trotta.
Apesar de ser famosa pelos imóveis grandes, 71% das unidades lançadas em Moema desde 2.014 são de até 90 m2. Um exemplo é o Gaivota 1.081, da Trisul, com previsão de entrega para Agosto. São 60 unidades de 76 m2, com duas suítes. Cerca de 70% delas já foram vendidas, por em média R$ 16,3 mil/m2.
O prédio fica perto das duas estações de metrô em construção no local- Moema e Eucaliptos-, na Avenida Ibirapuera. A previsão era que elas fossem inauguradas em 2.014, mas a obra atrasou e, segundo o governo, deve ficar pronta até o fim de 2.017.