Texto escrito por Celso Amaral, diretor corporativo da Amaral d´Avila Engenharia de Avaliações sobre o desabamento no Rio de Janeiro.
No dia 12/04/2019, acordei e logo liguei a televisão como faço todos os dias e como sempre vejo as novidades, entretanto, ultimamente as notícias de catástrofes são corriqueiras e dão muito Ibope!
Vendo as notícias notamos que as imagens apresentadas são aquelas que aparecem em guerras na Síria, ou em países com enorme população miserável como Índia, Paquistão atingido por ações devastadoras da natureza.
Como sempre, os repórteres acusam o excesso de chuvas, como se só chovesse no Brasil? Será que não seria por que construíram no lugar errado, sem técnica, com fundações e estruturas “chutadas”, sem esgoto, sem drenagem, em suma sem qualquer cuidado?
Mas não! As chuvas serão a causa ou apenas, “gota d’água “que faltava para derramar o copo?
Estava mais uma vez vendo o Rio de Janeiro, nossa cidade maravilhosa, que tristeza!
Desabamento no Rio de Janeiro e no Brasil
Mas por que tais tragédias ocorrem? Será que foram as chuvas? Sempre elas?
O fato é que onde o poder público se ausenta a criminalidade ocupa espaços e vale a lei da força que abarca tudo, ignorando qualquer regra, norma, ou responsabilidade, vale somente o lucro fácil e que se dane o resto! A técnica, que se exploda!
A tragédia observada no Rio de Janeiro pode ocorrer em outro local do Brasil?
Sim, somos um país totalmente desorganizado com amplo percentual da população vivendo em condições miseráveis, em extremo risco e locais perigosos, se amassando em construções edificadas sem a menor preocupação com a técnica, ou com o respeito com o consumidor.
Em São Paulo vemos que diversas favelas (como devem ser chamadas) estão completamente alheias ao mercado, em Paraisópolis, segunda em tamanho em São Paulo e uma das maiores do Brasil, notamos que os antigos barracos de madeira, foram sofisticados, passaram a ser construídos em alvenaria e hoje atingem 4 (quatro) ou mais pavimentos, tudo feito em consonância com as recomendações da “Nossa Senhora do Concreto”, a grande responsável pelas poucas mortes!
Temo por mais tragédias de grande porte nas cidades, até hoje tivemos sorte, em Paraisópolis vemos edifícios serem construídos sobre os córregos, isto mesmo, exatamente sobre o curso de um rio, é um risco imenso, impensável!
Enquanto isto, onde está o poder público?
Bem longe, completamente alheio dos absurdos que estão sendo feitos nas favelas e em zonas populares, na Marginal Pinheiros vemos próximo ao Bairro do Jaguaré, novos edifícios construídos sobre muros de gabiões (gaiolas metálicas, cheias de rocha), no mesmo terreno, e na divisa bem à frente de edifícios do Projeto Singapura que foram construídos para urbanizar e acomodar populações carentes no Governo Maluf, em um escárnio com os moradores, e desprezo com o poder público.
Tenho esperanças que um dia o Brasil seja melhor tratado, que as populações sejam inseridas na sociedade de um modo digno, justo e que o poder paralelo seja engolido pela razão e desapareça!
Mas não sei se viverei o bastante para ver esta esperança se realizar….