O sinistro observado na bela e procurada região de Miami Beach – Florida demostra que as catástrofes em edifícios residenciais também podem surgir em países desenvolvidos.
Depois que ocorrem, muitos irão dizer que o nexo de causalidade se deveu à falência da estrutura em concreto armado, que por retratar um projeto já antiquado, com atendimento às Normas Americanas menos rígidas quando da construção do condomínio, assim como, do fato de o empreendimento estar situado frente ao mar, acarretaram uma menor vida útil do sistema estrutural.
Mas será que é tão simples assim?
Não, o sinistro demonstra que a deficiência, e/ou ausência de manutenção predial ao longo dos anos representa, na realidade, o grande fator contribuinte para o colapso da edificação, tendo em vista que a inobservância aos critérios de manutenção predial, aliado à negligência criminosa dos administradores e dos condôminos, resultou em uma equação fatal e irreversível, mas que, no entanto, seria totalmente evitável. Desde 2.018/2.019 já era conhecida a situação de estresse da estrutura de concreto armado, e nada foi efetivamente feito.
Tal acidente demonstra que os gestores, administradores e síndicos devem levar muito a sério os procedimentos relacionados à manutenção predial. No Brasil, lembro que há uma Normativa específica que rege a matéria, a NBR 5674 – Manutenção de Edificações, que deve ser observada para o planejamento das manutenções de edificações prediais, dispondo que as edificações prediais devem realizar manutenções preventivas de maneira periódica, inclusive com o arquivamento das respectivas documentações comprobatórias, pois a vida útil de cada elemento construtivo está diretamente relacionada aos cuidados dispensados às manutenções preventivas e periódicas a serem realizadas.
No entanto, há, ainda, muita resistência por parte dos condôminos e administradores em alocarem o montante arrecadado pelo condomínio com manutenções, ainda que necessárias. Tal visão é, contudo, equivocada e antiquada. Mediante os investimentos periódicos em manutenção, a edificação obterá aumento do desempenho, mantendo o seu valor de mercado, a sua usabilidade e, principalmente, a sua segurança.
Infelizmente, o que se observa no Brasil é que, especialmente em momentos de crise econômica, as manutenções corretivas também são deixadas de lado (as preventivas, nem são lembradas), tanto na esfera residencial, quanto na área empresarial e, em especial, no setor público, como observamos, todos os dias, nas vias, viadutos, pontes e edifícios públicos de nossas cidades.
Por fim, lembro que, como na aviação, onde os acidentes são fonte de conhecimento para que a atividade seja mais segura, espera-se que o efeito didático do sinistro sirva para que a manutenção predial não seja ignorada, mas sim, efetivamente praticada.
A manutenção predial, preserva as edificações e salva vidas!